DILERMANDO RODRIGUES DA COSTA
RIO DE JANEIRO - RJ -
Bacharel em Direito, casado, é funcionário federal e exerceu várias e destacadas funções. Classificado no X Concurso de Poesias "Brasília" — 89.
ANTOLOGIA DE POETAS E ESCRITORES DO BRASIL. Selecionados pela Revista Brasília. Volume XIII. 1990. Organizada por Reis de Souza. Brasília, DF: Grupo Brasília
de Comunicação Ltda, 1990. Ex. bibl. Antonio Miranda
O PEDREIRO
Vês aquele que passa, humilhado...
Com a tristeza no rosto, maltrapilho
Pela mão conduzindo o débil filho
E a esposa enferma tendo ao lado?...
É um hábil pedreiro, que erige,
Às centenas, primores de edifícios
E enfrenta pesados sacrifícios
No aprumo das obras que dirige.
Vai, agora, nas mãos de um Magistrado
Por as chaves do quarto, que um Mandado
de Despejo proibe-o habitar.
É um pobre pedreiro, insolvente.
Que constrói casa para tanta gente
E não tem uma casa p 'ra morar.
CANTANDO ÀS ORIGENS
Nasci nas encostas de serra gigante,
onde ventos uivantes incitam temores,
soprando nas frondes do denso arvoredo,
fazendo de açoite a névoa dc frio
do inverno serrano
mais frigido à noite de céu pardacento,
de trevas que se esgaçam
com ariscos relâmpagos de estrelas cadentes.
Saí pequenino das Terras de origem;
levaram-me ao longe
por velhos caminhos, os trilhos
à sombra de esguios bambus,
em trechos que o sol alumia e aquece
o piso coberto de árido cascalho.
Passei por pinguelas, cruzando riachos
que brotam em borbulhos de pétrea montanha,
crescendo volume com vítreas correntes
das muitas nascentes descendo ruidosas,
cobrindo lajedos, saltando as escarpas,
caindo em cascatas que se assemelham
às vestes de núpcias
das virgens nubentes aos pés do altar.
Cheguei à distância, no espaço e no tempo
e, por graças de Deus, pelos santos milagres,
revejo o cenário dos dias vividos,
que o véu do passado, em dobras caído,
não cobre a lembrança
da Terra e do Céu que vi quando criança.
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Página publicada em fevereiro de 2021
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